Definitivamente, minha primeira vez na neve vai ser inesquecível! Um pouco pelo primeiro contato com aquela imensidão branca e gelada (realmente é foda... e totalmente diferente de tudo que já tinha visto), outro tanto pela maneira como resolvi fazê-la (claro que não poderia ser sem emoção, né gente?), e, ainda nesse momento, pelas sessões semanais de fisioterapia (ai ai)...
Segunda semana na Nova Zelândia. Estou sentada na sala de aula quando chega às minhas mãos uma lista sobre interessados em ir à montanha no dia seguinte. O nome do lugar é Monte Ruapehu, o único no mundo onde é possível esquiar em um vulcão ativo!!!
As opções eram skiing ou snowboarding. Na hora me lembrei do André, meu cunhado, que me disse para não deixar de fazer snowboarding. Sem hesitar um segundo, coloquei meu nomezinho e ainda convenci minha amiga colombiana a ir comigo. Afinal, se é pra se aventurar, vamos fazer direito!
Vai na loja, escolhe roupa, prancha e todos os apetrechos necessários para a empreitada. Quase todos...
No dia seguinte, 7 da matina, todo mundo no lugar combinado. Éramos em umas 15 pessoas. Surpreendentemente o dia estava lindo, com um sol maravilhoso e sem vento. “É um ótimo sinal”, pensei eu. Lá fomos nós. O lugar fica a quase uma hora de distância do “centro” de Taupo.
Chegando lá, troca de roupa e tenta andar no asfalto com aquelas botas e roupa que ficamos três vezes maior do que realmente somos. Pezinho na neve (uauuuu!!! amazing!!! neve de verdade!!!!). Senta pra encaixar a prancha nas botas, porque de pé foi impossível... super escorregadio ("tudo bem, é só o começo! é minha primeira vez!”).
Na primeira tentativa de ficar de pé não conseguia parar de pensar por que tinha abandonado a Yoga!?!?!! (foi necessário persistir e persistir... talvez não seja tão divertido, pensei por um segundo, logo recupera-se o otimismo). Não sei se era a falta de elasticidade, a neve, a quantidade de roupa, enfim... mas só para ficar em pé já é difícil!
Fiquei de pé (por 10 segundos!!)... eeeeee!!!! Cai... todo o processo para levantar de novo... fica de pé mais um pouco... dessa vez por mais tempo, mas é preciso aprender a frear sem precisar se jogar no chão. Só que isso é muito difícil... e na hora que o negócio atinge certa velocidade (o que é fácil) é quase impossível parar.
A pista era para iniciantes, claro. O que significa um lugar não tão íngreme, mas nem por isso sem emoção. E tombos são inevitáveis, certo? Agora, por favor, alguém me explica como que as pessoas se propõe a fazer um negócio desse e ninguém gritaaaa?!?!??!!? Eu e a colombiana fomos uma atração a parte, claaaaro. Porque não dá pra descer em cima de uma prancha na neve em alta velocidade sem gritar, meu povo!!! Acho que éramos as únicas que pensávamos isso... hahahahaha...
Cerca de 10 minutos depois de iniciar a empreitada, estava um pouco mais confiante. Consegui ficar de pé e fui descendo pra seeeempreeee... Quando o negócio começou a ficar muito rápido e vi que ia descer por uma morreba me joguei com tudo... “Morri”, tinha certeza. A começar pela minha cabeça, todo meu corpo estava completamente dolorido. Recuperei a coragem e fui tentar levantar. Percebi que me apoiar com a mão direita era impossível, mas também estava totalmente dormente, afinal estava imersa no gelo.
Última tentativa. Não mais do que um metro... consegui cair de novo... e exatamente em cima da mesma mão. Não teve jeito. Game over! Dessa vez precisei de ajuda para levantar e segui até a clínica médica da estação.
Confesso, chorei! De dor, de raiva, por não entender uma palavra do que a grossa da enfermeira me falava e que meu professor, pacientemente, me explicava... Ela me deu um puta esporro (paulistas, sabem o que é? É bronca) porque eu não estava usando itens básicos e indispensáveis de segurança, como um protetor no pulso. Ninguém me falou nada, como é que eu iria saber?!?!?!?!
Resultado: luxei meu pulso e fiquei o resto do dia vendo as pessoas se divertirem enquanto eu esperava meus colegas! Duas semanas em meia sem poder escrever, digitar ou usar minha mão direita... (agora vocês entendem, pelo menos um pouquinho, a minha falta de notícias?!)
Hoje, dois meses depois, continuo fazendo sessões semanais de fisioterapia. Provavelmente o pulso machucado acordou a cervicobraquialgia que me acometeu há uns três anos atrás.... não posso ficar muito tempo escrevendo ou na frente do computador que dói pra caramba, mas estou bem, não se preocupem! E juro que queria tentar snowboarding de novo antes de voltar ao Brasil...