segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Estreando na neve


Definitivamente, minha primeira vez na neve vai ser inesquecível! Um pouco pelo primeiro contato com aquela imensidão branca e gelada (realmente é foda... e totalmente diferente de tudo que já tinha visto), outro tanto pela maneira como resolvi fazê-la (claro que não poderia ser sem emoção, né gente?), e, ainda nesse momento, pelas sessões semanais de fisioterapia (ai ai)...

Segunda semana na Nova Zelândia. Estou sentada na sala de aula quando chega às minhas mãos uma lista sobre interessados em ir à montanha no dia seguinte. O nome do lugar é Monte Ruapehu, o único no mundo onde é possível esquiar em um vulcão ativo!!!

As opções eram skiing ou snowboarding. Na hora me lembrei do André, meu cunhado, que me disse para não deixar de fazer snowboarding. Sem hesitar um segundo, coloquei meu nomezinho e ainda convenci minha amiga colombiana a ir comigo. Afinal, se é pra se aventurar, vamos fazer direito!

Vai na loja, escolhe roupa, prancha e todos os apetrechos necessários para a empreitada. Quase todos...

No dia seguinte, 7 da matina, todo mundo no lugar combinado. Éramos em umas 15 pessoas. Surpreendentemente o dia estava lindo, com um sol maravilhoso e sem vento. “É um ótimo sinal”, pensei eu. Lá fomos nós. O lugar fica a quase uma hora de distância do “centro” de Taupo.

Chegando lá, troca de roupa e tenta andar no asfalto com aquelas botas e roupa que ficamos três vezes maior do que realmente somos. Pezinho na neve (uauuuu!!! amazing!!! neve de verdade!!!!). Senta pra encaixar a prancha nas botas, porque de pé foi impossível... super escorregadio ("tudo bem, é só o começo! é minha primeira vez!”).

Na primeira tentativa de ficar de pé não conseguia parar de pensar por que tinha abandonado a Yoga!?!?!! (foi necessário persistir e persistir... talvez não seja tão divertido, pensei por um segundo, logo recupera-se o otimismo). Não sei se era a falta de elasticidade, a neve, a quantidade de roupa, enfim... mas só para ficar em pé já é difícil!

Fiquei de pé (por 10 segundos!!)... eeeeee!!!! Cai... todo o processo para levantar de novo... fica de pé mais um pouco... dessa vez por mais tempo, mas é preciso aprender a frear sem precisar se jogar no chão. Só que isso é muito difícil... e na hora que o negócio atinge certa velocidade (o que é fácil) é quase impossível parar.

A pista era para iniciantes, claro. O que significa um lugar não tão íngreme, mas nem por isso sem emoção. E tombos são inevitáveis, certo? Agora, por favor, alguém me explica como que as pessoas se propõe a fazer um negócio desse e ninguém gritaaaa?!?!??!!? Eu e a colombiana fomos uma atração a parte, claaaaro. Porque não dá pra descer em cima de uma prancha na neve em alta velocidade sem gritar, meu povo!!! Acho que éramos as únicas que pensávamos isso... hahahahaha...

Cerca de 10 minutos depois de iniciar a empreitada, estava um pouco mais confiante. Consegui ficar de pé e fui descendo pra seeeempreeee... Quando o negócio começou a ficar muito rápido e vi que ia descer por uma morreba me joguei com tudo... “Morri”, tinha certeza. A começar pela minha cabeça, todo meu corpo estava completamente dolorido. Recuperei a coragem e fui tentar levantar. Percebi que me apoiar com a mão direita era impossível, mas também estava totalmente dormente, afinal estava imersa no gelo.

Última tentativa. Não mais do que um metro... consegui cair de novo... e exatamente em cima da mesma mão. Não teve jeito. Game over! Dessa vez precisei de ajuda para levantar e segui até a clínica médica da estação.

Confesso, chorei! De dor, de raiva, por não entender uma palavra do que a grossa da enfermeira me falava e que meu professor, pacientemente, me explicava... Ela me deu um puta esporro (paulistas, sabem o que é? É bronca) porque eu não estava usando itens básicos e indispensáveis de segurança, como um protetor no pulso. Ninguém me falou nada, como é que eu iria saber?!?!?!?!

Resultado: luxei meu pulso e fiquei o resto do dia vendo as pessoas se divertirem enquanto eu esperava meus colegas! Duas semanas em meia sem poder escrever, digitar ou usar minha mão direita... (agora vocês entendem, pelo menos um pouquinho, a minha falta de notícias?!)

Hoje, dois meses depois, continuo fazendo sessões semanais de fisioterapia. Provavelmente o pulso machucado acordou a cervicobraquialgia que me acometeu há uns três anos atrás.... não posso ficar muito tempo escrevendo ou na frente do computador que dói pra caramba, mas estou bem, não se preocupem! E juro que queria tentar snowboarding de novo antes de voltar ao Brasil...

domingo, 18 de outubro de 2009

A Nova Zelândia é verde!!!!

Queridos,

Sei que a muitos não vão acreditar, mas sim, meu blog está no ar!!!!! Eeeeeee... Tudo bem, eu sei, logo logo eu vou estar de volta ao Brasil, e talvez muitos pensem que nem tem mais graça, mas prometo tentar recuperar o tempo perdido, ok?! Tá bom, a maioria não acreditou... é, não posso reclamar porque sei que não tenho razão...

Enfim, muitas coisas fizeram com que meu contato com o outro lado do mundo fosse um tanto complicado. Tentarei contar aos poucos. Quem sabe eu consiga terminar antes de voltar ao Brasil... hehehe

Ainda não sei como vou fazer para postar. Talvez eu vá escrevendo sobre coisas que eu lembre e coisas novas ao mesmo tempo... esse primeiro eu digitei no dia que cheguei. Dois meses se passaram, mas acho que legal nem que seja para registrar minhas primeiras impressões do lugar, com comentários atuais para não ser tão desinteressante!

Sobrevivi à travessia do Pacífico!!! Eeeee!!! O avião não caiu e não fui parar na ilha de “Lost”... O voo, por sinal, foi bem melhor do que o temido. Nenhuma turbulência durante as mais de 15 horas de viagem pelo céu. Até consegui dormir um pouquinho, embora os ônibus convencionais da 1001 e da Catarinense sejam bem mais confortáveis. Ao contrário do que muitos me falaram, não achei o serviço de bordo da Aerolíneas Argentinas ruim. Bem ok, por sinal.

A maioria dos brasileiros que estava no vôo ia para Austrália, mas especificamente Sidney. Eu e mais uns cinco descemos na NZ. Praticamente todos ficaram em Auckland, que é a maior cidade do país, embora a capital seja Wellington.

Mas, vamos as impressões do primeiro dia em Aotearoa (é como os Maoris – nativos do lugar – chamam o país). Total primeiras impressões, ok? Provavelmente elas devem mudar.

- A Nova Zelândia é verde!!!!!!!!!! Meu povo, olhando lá de cima, só dava pra ver um relevo super acidentado e muuuuuuuuito verde. Acho que vocês não estão me entendendo, é muito verde, mesmo. Pensa numa coisa verde. É mais!!! Até em Auckland, que é populosa, do alto o verde se sobressai as outras cores. Na hora eu pensei, “se depois disso, eu não for morar na copa de uma árvore, fico de vez em São Paulo!!!”. Ah, a impressão se confirmou em terra firme... tem muita área verde.
Passaram-se dois meses e, definitivamente, essa é uma verdade absoluta!!!! O país é praticamente inabitado!


- Fugi do frio do Canadá e vim parar em Rancho Queimado! Também pode ser Angelina ou qualquer outra pequena cidade catarinense colonizada por alemão ou italiano (só que aqui falam inglês) que faz frio, tem muito pasto que amanhece todo coberto de geada e aquele povo loiro de pele avermelhada – isso quando tu consegues ver alguém na rua por conta da baixa temperatura. Quando cheguei ao aeroporto de Auckland havia um simpático casal assim, segurando uma plaquinha com meu nome. De fato, eles poderiam muito ser algum tio-avô Stähelin, Schmidt, Kretzer... Foram eles que trouxeram eu e um chileno de lá até Taupo durante mais três intermináveis e cansativas horas de viagem de carro. Em terra firme, pude perceber que todo o verde é totalmente coberto por muita neblina. Muita! Me senti subindo a BR 282 rumo à Lages... No percurso passamos por umas duas cidades... pequenas... claro!
Beleza, a primavera começou no mês passado mas resolveu dar um frio que não se via há décadas por aqui. Legal, né? Dizem que em dezembro melhora, que é quando eu deixo o país!

- Os carros andam sozinhos aqui. Tudo poderia ser mais familiar se não fosse isso. Sim porque tu olhas pro carro e a pessoa que guia está do lado contrário... A mão inglesa faz tudo mais estranho, sem dúvida. Principalmente quando vem um caminhão lá na frente e tu estás do lado esquerdo da estrada (a vontade é gritar pro motorista: “volta pra mão certa”), ou quando vais atravessar a rua... (é um exercício consciente e repetitivo: “primeiro olha pra direita Camila, depois esquerda”). Mas se tu olhas e “não tem ninguém dirigindo”, pensa “ele tá parado, pode seguir”... é preciso cuidado, mesmo!
Confesso que isso ainda me é estranho e vira e mexe tento entrar do lado errado do carro.

- Onde estão as ovelhas???? E aquela história de 16 milhões de ovelhas para 4 milhões de habitantes?! Sim, porque durante a viagem que fiz por terra o que mais vi foi gado. Dezenas de pastos de boi, para três ou quatro de ovelha. Confesso, me decepcionei! Mas a Wendy (que me recebeu em sua casa nos dois primeiros meses.. . uma querida!) me explicou (ao menos foi isso que entendi... hehe) que depende a região do país. E que apesar de ter muito boi, sua carne é cara porque é para exportação.

- As casas têm todas as mesmas cores.
Sabe aquele cenário de filme ou seriado estadunidense, com as casas todas brancas e tons pastéis que variam do creme ao café-com-leite? A ousadia maior é o preto ou um marrom mais escuro nas aberturas e telhados!!! Tudo bem, o verde do mato compensa. As casas costumam ter árvores ao redor. Ah, ia esquecendo, a única coisa colorida que vi até agora foi na estrada. Uma fazenda (eu acho, apesar de não saber de que... não tinha placa, embora isso não fosse garantia de entendimento) que tinha uma bandeira rastafári, com um portão da mesma cor... e, mas para frente, pasmem, tratores e outras máquinas todos pintados com as cores verde, amarelo e vermelho!!! Hahahahahaha... o que seria aquilo, hein? Alguém sabe?

- Os neozelandeses são muito engraçados e solícitos. Pelo menos, todos os que encontrei até agora, se esforçaram horrores . Quando pedi, falaram devagar, repetiram, escreveram, soletraram (porque o sotaque é foda), fizeram mímica e desenharam... ah, e quando, mesmo assim, eu não entendo (sorryyyyyy!!!), eles se sentem super mal. Já até formei uma fila enorme (e ninguém reclamou ou olhou feio) em uma loja de eletrônicos enquanto o paciente caixa me explicava sobre o cartão para o celular e as tecnologias disponíveis. Já não entendo bulhufas disso em português, imaginem isso em inglês?!
Eles só precisam abrir a boca pra falar... porque além de rápido não se articula! É difícil entender o sotaque kiwi, definitivamente!

Bom, caríssimos, pra começar é isso. Juro que vou tentar ser mais presente e mais sucinta, ok?!

Saudades!

Beijos e cheiros!!!