sábado, 28 de novembro de 2009

Goodbye, Taupo!


My first picture in Taupo, four months ago

Quatro meses se passaram e me despeço de Taupo. Depois de um começo difícil e de uma adaptação bastante sofrida, confesso que saio com o coração doído e, como não poderia deixar de ser, afinal de contas estamos falando de mim, com muitas muitas lágrimas... Um tanto de coisa aconteceu durante minha estada nessa minúscula cidade. Não é nenhuma novidade de que o que vivemos durante viagens e quando moramos em outro país têm uma intensidade monstruosa. Um dia pode representar a vivência de uma semana, um mês ou até muito mais se compararmos a rotina em nossa terra natal. Aprendi muito e não tenho dúvidas de que saio daqui uma outra pessoa... e mais uma vez é preciso exercitar a arte do desapego... ai ai...

No fim de tudo, tenho certeza de que as coisas aconteceram como eu pedi e precisava. Queria uma cidade pequena, sem brasileiros, com uma vida completamente diferente da que vinha tendo em São Paulo... e tive. Foi difícil? Extremamente.

Cheguei num inverno do caralho... temperatura baixa + vento gelado que vem das montanhas + chuva constante + morar longe da escola + inexistência de transporte coletivo = “o que eu estou fazendo aqui?”. Pra ajudar, em meus primeiros dias recebo a notícia da morte da minha vó... era impossível não pensar “o que eu estou fazendo aqui?”... Vai pra aula nesse tempo, caminha 40 minutos pra ir e pra voltar, e encontra um bando de adolescente filhinho de papai que não quer nada com nada... “oi, o que eu estou fazendo aqui?”... tenta ter vida social, vai pro pub (entenda-se três opções) mas não consegue entender nada do que as pessoas te falam, primeiro porque elas não interagem nas primeiras duas horas, segundo porque depois disso elas estão tão bêbadas e a música tão alta que daí mesmo que era impossível compreender bulhufas... “senhoooor, o que eu estou fazendo aqui?”.

De uma hora para outra, era tudo diferente, era tudo novo... língua, comida, cheiros, gostos, arquitetura, meio-ambiente, cultura... era falta do sal como tempero, das cores nas casas, do calor do sol no corpo e do toque das pessoas... como eu sentia falta de abraços e como eu precisava deles!!!

Depois de tantas perdas na minha vida, aprendi que quando as coisas estão realmente muito difíceis temos duas opções: a primeira é sentar e reclamar pra seeeeeeempre do quão azarados somos (o que não vai mudar em nada), e a segunda é levantar, sacudir a poeira e seguir em frente. Falar é fácil, né? Como não sou nenhuma Pollyana, embora meu sarcasmo sempre me salve, óbvio que a volta por cima não foi assim tão instantânea (e agradeço, principalmente, aos ouvidos da Mari e da Anita... hehehe)... mas aconteceu.

As caminhadas diárias para escola se tornaram minha principal diversão. O caminho de ida e volta muitas vezes era mais interessante que estar em sala de aula. Foram momentos infindáveis de reflexão, de pensar na vida, de expurgar coisas ruins.

Sobre a escola, conversei com professores, tentei trocar, não deu... comprei uma boa Gramática, estudei duro... Sobre onde morava, mudei de casa (aquele negócio de homestay, com uma pessoa preparando minha comida me incomodava muito, me sentia invadida e invadindo), fui viver perto do centro em um flat com mais seis caras (dois da Alemanha, dois da Índia e um de Fiji). Passei a falar mais, interagir mais e fiquei mais segura com meu inglês... thank you, guys!

E, nesse meio-tempo, eis que a primavera chegou... conheci pessoas, estabeleci amizades... a cidade ficou colorida, o clima mais agradável, minhas caminhadas foram além da beira do lago, pimenta virou meu tempero, aprendi a não me importar com a bagunça dos meus companheiros de casa e ensinei muita gente a abraçar.

Em minha última noite na cidade, um dos meus flatmates me perguntou se eu pudesse voltar meses atrás e escolher outra cidade, outro país e fazer tudo diferente, se eu o faria... Minha resposta: definitivamente não! Nada foi perfeito. Sofri, chorei, espernei, mas, no fim, fui muito feliz em Taupo!

E para fechar com chave de ouro meu último dia na cidade, além do Bumgy Jump, era obrigada a tomar banho no lago (quem me conhece sabe que não poderia ir embora sem fazer isso)... tinha feito algumas tentativas frustradas, já que água era sempre congelante, e essa era minha última chance. No que coloco meu pezinho dentro da água, faço a proeza de escorregar numa pedra, levar um puta tombo, bater e abrir a cabeça! Fiquei imóvel por alguns segundos... “putaquepariuvaisefuder, não acredito, me quebrei toda!!!! Como é que uma pessoa pula de 47 metros de altura, sai ilesa e tenta só dar uma porcaria de um mergulho em um lago (oi? um lago!! ...sem ondas ou correnteza) e abre a cabeça?”... consegui recuperar a voz, chamei minha amiga, que me ajudou a levantar... vi algumas estrelinhas e quando botei a mão na cabeça, senti o ovo e vi o sangue... não teve jeito, toca pra clínica... Nada grave, só um curativinho, uma linda faixa na cabeça e mais uma lembrança pra levar de Taupo! Agora ficou claro, minha relação com o lago era limitada (assim como seu tamanho) a contemplação e reflexão... meu negócio é o mar, mesmo!

E assim parto... com muitas lágrimas, o coração apertado e o corpo inteiro dolorido

Para fechar esse rápido balanço, seguem fotos daquilo que mais vou sentir falta (what I'll miss so much)...

People...

Maria Helena, my lovely Colombian friend

Kelly, my dear Singapore friend

Tomas and Tobias, my crazy German guys

Esther, my angel

My classmates Claire (Switerzland), Brenda (China) and Maria Helena (Colombia, again) and my teacher Chris (NZ)

The latin girls: Alice (Brazil), Barbara e Tina (Argentina)

Chats im my house with food, beer, wine, rum...





Walking and landscape...

Walking, walking, walking...

Lake front, wintertime

Craters of the moon

Kaiamanawa

Maori Cravings

Sunset and ducks

Tongariro crossing: rest stop

Tongariro: almost the summit

See you...

7 comentários:

Unknown disse...

Chorar e se acidentar é contigo mesmo, né??? Hahaha...
Mas que bom que foi um tempo bem aproveitado, e de crescimento pessoal, principalmente.
Quatro meses resumidos num post lindamente escrito!
Já disse que quero ser como você quando crescer? Acho que já.
Sou tua fã!
Te amo um montão... e não é mais daqui até "Jabolo", agora é daqui até a Nova Zelândia!!! Hehehehe.

Beijão da Mari.

Mari disse...

Nega, que post lindo!!! As fotos estão otimas!!! a minha preferida é a com o gelo na cabeça!!! hahhahaha
Muuuuito tuuuuu!!! e aquilo na caneca era mojito??? hmmmmmm!!!

Acho que Taupo também vai sentir muito a tua falta kiwi!!!!


bjuuus!

Anônimo disse...

Óbvio que a viagem da Camila não poderia terminar de forma tão tranquila. Afinal, não era uma viagem de uma Camila qualquer, mas da Camila Bruna. E essas coisas, incrivelmente, sempre acontecem com ela. eheheheheheheh Beijão, da Magda Audrey

Elias Jr disse...

O Camilinha, que paulada essa despedida! Muito corajosa vc. Mal posso esperar pelas aventuras australianas!

Anônimo disse...

Caaaa!!!Bah guria!Quem "Camilou" chorando com a tua narrativa fui eu!!Adorei poder matar um pco da saudade te vendo e sabendo o q tah acontecendo contigo!!Te cuida, amiga!
Bjo enorme!
Si(darta)

Bárbara dos Anjos Lima disse...

Querida!
Que bom ler notícias tuas. Das alegrias, das indiadas e principalmente da superação!
Que emocionate!
Que orgulho!
Tudo de bom pra ti, sempre!
beijos

Anita disse...

Adorei ver registros dos momentos bons que vc teve por ai, nega. : )