Depois de dormir um pouco mais de uma hora na noite de Natal, acordei no meio da madrugada pronta para esperar o táxi que me levaria até o aeroporto... morrendo de medo que ele não aparecesse, afinal eram 3h da manhã do dia 25. Mas ele chegou.
Aquela madrugada de Natal parecia muito mais dia 31 de dezembro. Não pelo cenário, afinal aeroporto (que estava lotado!) nada tem a ver com praia e fogos de artifício, mas porque partir da Nova Zelândia representava o fim de 2009. E em vez de pular as sente ondas à meia-noite, vi um lindo nascer do sol da sala de embarque... e com ele, para mim, 2010, um novo ano, um novo lugar, um não-fazer-ideia-alguma do que vem por aí...
Iniciei 2009 com o principal objetivo (prático) de aprender inglês, mas naquela época nem imaginava sair do país. Já no dia do meu aniversário (em janeiro) fiz um teste de nivelamento e comecei no nível 1, básico do básico... fiz um intensivo de férias e, depois, em março comecei um regular.
Nesse momento, não conseguia parar de sonhar com as minhas férias, as primeiras depois de cinco anos sem folga. E os planos foram muitos. Comecei indo para Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão (a parte do Nordeste que me falta conhecer)... depois disso, decidi que iria para Machu Picchu e fui passando por Bolívia, Argentina e Chile (até um Guia eu comprei!!!)...
Eis que minhas férias foram marcadas, começariam dia 5 de junho. Exatamente um mês antes fui demitida. Assim, do dia para noite. Cheguei para trabalhar e em menos de duas horas saí de lá com a baixa na minha Carteira de Trabalho. O engraçado nessa situação, que poderia me tirar totalmente o chão, foi que ela se tornou o momento em que me senti mais acolhida e querida por tanta gente desde que tinha chegado em São Paulo. E o que poderia ser encarado como o pior de 2009, não tenho dúvidas de que foi o melhor...
Na mesma semana da demissão, tinha uma passagem para Florianópolis... fui para casa dos meus pais para pensar em novos rumos. Quando estava lá recebi um telefonema de um editor me falando sobre uma vaga. Conversa vai conversa vem, começamos a falar sobre viagens, passar um tempo fora do país... e o telefonema que seria para tentar um novo trabalho se transformou na minha vinda para Nova Zelândia.
Em menos de dois meses decidi país, cidade, curso e tempo que ficaria (que foi aumentando e aumentando)... assim sem pensar muito. Saí do apartamento onde morava em São Paulo, vendi praticamente todas as minhas coisas e guardei minhas panelas e roupas na casa da minha mãe. Queria vir sem nada me prendendo em lugar algum...
Vim de peito aberto, disposta a viver tudo que tinha direito. E não tenho dúvidas que vivi. Em muitos momentos foi muito difícil. Acho que resignificar solidão e abraço foi um dos meus grandes aprendizados... Já tinha experimentado a solidão de diversas maneiras... uma das formas mais clássicas foi morando em uma grande cidade. Mas nada como sentir isso no meio do mato. De certa maneira, quando estamos em uma grande cidade estamos engolidos por uma lógica de um monte de coisas que precisamos fazer e, eventualmente, é possível esquecer que se está sozinho. Só que aqui muitas vezes éramos só eu, a estrada (diga-se de passagem a única coisa que me ligava a civilização) e a natureza. Nada, nem ninguém mais... não havia nenhum escape. Foi preciso encarar de frente a solidão. E eu o fiz. Por muitas vezes senti (fisicamente e dolorosamente) que meu corpo era só saudade... da minha família (dos meus pequenos), dos meus amigos, dos que foram ficando pelo caminho...
A Nova Zelândia, para mim, é um lugar bucólico, nostálgico, paradisíaco... Tudo é tão gigantesco, preservado, inabitado... às vezes me sentia tão pequeninha, outras tão parte daquilo tudo. E assim fui mundando... Melhorei meu inglês consideravelmente, vi neve e outros tantos lugares paradisíacos, únicos e inesquecíveis, experimentei e gostei de novas maneiras de viajar, conheci gente (querida!) do mundo inteiro... caí, me machuquei, chorei e ri... tudo muito e bastante. Aprendi com isso tudo... que somos um fonte inesgotável de lágrimas, de força, de recomeços (se assim quisermos). Aprendi que menos quase sempre é mais, que criamos necessidades por coisas totalmente descartáveis e complicamos tantas outras sem nem sabermos ao certo o porque. Aprendi que sou muito mais tátil do que imaginava e que um verdadeiro abraço, desses dados com vontade, é a melhor coisa do mundo. Sim, saí da Nova Zelândia mais desapegada do que vim e ainda mais certa de que o mais importante que temos são as pessoas que amamos, aquelas que podemos chamar de nossas!
7 comentários:
eie, sera que vais dar o ar da graça aqui em sampa?
Camila, saudades de você. Espero que sua viagem com a Anita seja perfeita...
Fica com Deus
Denis
Que belo post, fiquei emocionado. Um 2010 de luz para você. Beijo do amigo ike.
Belo balanço das atividades do ano. Também quero fazer um mochilão, mas acho que só ano que vem. Tem que ser antes dos 30, já botei isso na cabeça. Um beijo linda, feliz 2010
Oi Mila...
essa vivência é uma grande escola.
Tudo, depois, se transforma em história pra contar e aí, quando olhares pra trás, vas te sentir muito orgulhosa porque tens dentro de ti, aquilo que muitos gostariam de ter : coragem!
Um grande beijo e te cuida.
Prima Rê
Neguinhaaaa!!! 2009 foi mesmo O ANO pra ti né??? Mas 2010 vai ser também!! Cada dia mais desapegada e em harmonia comntigo mesmo e com o cosmos (hippiiiieee)!!!!
Aproveitaaaaaaaaaaaaa muitooooo!!!!
Amiga, tens que escrever um livro..
to emocionada com a tua retrospectiva 2009. Sou tua fã eternamente...e um dia espero chegar perto da tua coragem...
Te amo demais..
Beijos.
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